segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Voto dos Invisuais: Deus escreve direito por linhas tortas...

É com a mais profunda mágoa que assumimos que não tivemos razão na disputa que nos opôs à Direcção Regional da Organização e Administração Pública sobre o voto dos invisuais, quando sugerimos que o seu director deveria ser demitido da funções de coordenador eleitoral.

O nosso erro teve origem num erro ainda outro maior: a versão da lei que a Comissão Nacional de Eleições dispunha como oficial, e que divulgou oficialmente a todos os partidos, era de facto uma proposta de lei – na realidade, no último momento, a lei que foi aprovada retirou expressamente a possibilidade dos invisuais votarem em dignidade.

No entanto, estamos perante um exemplo como Deus escreve direito por linhas tortas.

Uma solução tão evidente e justa como a que era apresentada na proposta de lei, foi retirada à última hora pelos “maiores partidos”. Sob que interesse ou valor? Não sabemos, não compreendemos e achamos deplorável que não se tenha aproveitado a oportunidade para dignificar os invisuais. Infelizmente, mais uma vez, os políticos não estiveram à altura das suas responsabilidades.

Há uma regra básica na política séria: de uma boa causa nunca se desiste. E a questão do voto em Braille, ainda para mais com todo este dedo quase inexplicável a pairar, só deve voltar a ser colocada ainda com mais razão.

Poderá alegar-se que os eleitores foram ludibriados por um erro da Comissão Nacional de Eleições e durante algum tempo pensaram que o voto em Braille seria uma realidade – a primeira notícia sobre o assunto saiu em Agosto e nunca foi desmentida pela DROAP. É questionável até que ponto não teriam esses açorianos o direito a serem ressarcidos do seu sonho...

Mas dadas as circunstâncias tão especiais, pensamos ser mais aconselhável ver até que ponto se pode ir e testar o calibre dos nossos governantes. Propomos que se emende a mão, passando um pouco por cima da lei, como tão bem se faz noutras áreas em Portugal. E tentemos, num derradeiro esforço, dar cumprimento a uma legislação que, sendo inexistente, é justa e boa e acabará por ser aprovada numa questão de tempo.

Por isso, apresentamos ao Presidente do Governo um pedido para que estabeleça contacto com a ACAPO no sentido de serem manufacturadas as 400 matrizes em Braille necessárias, para que sejam distribuídas gratuitamente por todas as secções de voto, onde, voluntariamente, poderão ser utilizados.
Ainda estamos a tempo de mostrar que nos importamos!
Provemos que vale a pena lutar por ideais justos!

Ler mais em http://mpt.nosacores.net

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