terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cumplicidades agrícolas

É bom saber que o Presidente do Governo acha que não há nada de partidário na relação que mantém com a Associação Agrícola. É “cumplicidade de açorianos”, diz. Eu também sou cúmplice…
Só que tenho umas coisinhas a dizer à associação e a todos os restantes agricultores das ilhas. E só gostava que não limitassem a conversa a sermos ou não açorianos.
Somos todos cúmplices ao fim e ao cabo, o que não nos impede de termos divergências…
A palavras de César ontem revelam uma verdade complicada: a política agrícola regional é delineada pelas associações agrícolas. Talvez seja a explicação para tanto ziguezague, mas cá por mim, se fosse das associações, não gostaria lá muito do elogio. É que o percurso não tem sido muito calmo, e isto para ser educado…
O pior é que não sei que pense do que hoje se entende por “aumento da competitividade”. Será conseguir produzir o leite ainda mais barato ou conseguir vendê-lo um pouco mais caro?. A única certeza é que no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio “vão sobrar meios muito vultuosos que vão ser quase integralmente canalizados para a actividade produtiva, para os produtores e para as associações agrícolas, o que vai permitir um verdadeiro salto de grande dimensão na modernização das explorações, na sua competitividade e, por via disso, no rendimento dos nossos agricultores”. Qual será a loucura que vem por aí fora?
Tendo em conta que são as associações a delinear isto tudo, provavelmente a preocupação é mais “que se gaste esse dinheirinho qualquer que seja a forma, ele não pode é fugir”. O Governo será cúmplice…
Aliás, ele serve para pouco mais que isso – e é solícito em afirmar que não controla os mercados, como se eles fossem controláveis por alguém… Poderia era ter mais alguma ideia sobre o que esse sector poderia ser, ou melhor, dar a mais. Em teoria, o que lhe cumpre fazer…
Não sei qual é a promessa eleitoral em relação ao sector agrícola para além dos milhões mas é legítimo admitir que será o que o sector associativo da lavoura quiser que seja. Será que o PS tem alguma ideia sobre o assunto? Talvez não…
O Partido da Terra tem. E acha que muitas coisas terão de ser afinadas no sector agrícola – aliás, não só. A actual política de concentração de terrenos é um erro histórico desta “cumplicidade” e só podemos defender que cada açoriano tenha direito a ter um terreno seu. A actividade agrícola, para nós, sempre foi uma segunda natureza, o nosso principal negócio, o recurso sempre à mão. Ser açoriano sem estar de alguma maneira ligado à terra é um equívoco de vida curta.
É por isso que agricultura não é apenas negócio, é mais que isso, é açorianidade – como não é por acaso as casas terem as frentes viradas para dentro, não para o mar. Em ambos os casos, a dualidade.
A cumplicidade associativa é sempre limitada, nem que seja pelo número dos seus associados. E a ter em conta as palavras do Presidente, o seu papel está sobrevalorizado. Há agricultura para além das associações e uma hierarquia que deve ser respeitada.
Não é por acaso que a falta de controlo do mercado está a ser mais penalizadora para os produtores do que para os industriais: falta o governo cumprir o seu papel! Nós estaremos lá para lhe lembrar!

MM

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei onde está o problema caro Moniz.
O Obama conseguiu 10 vezes mais de a poios do que o seu adversário etoda a gente sabe que não vai ganhar as eleições.
Dinheiro e amendoins cada um mete onde pode.