quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Balanço final

É difícil não sentir alguma frustração pelo que consideramos ter sido um falhanço nestas eleições. Apesar de termos aumentado o nosso score eleitoral, pensamos que tínhamos possibilidade de ir mais longe e que a nossa mensagem tem conteúdo e qualidade para alcançar um eleitorado mais vasto.

Consideramos que houve uma quebra nos últimos dias da campanha por parte do eleitorado, que atribuimos fundamentalmente à nossa fraca prestação no debate televisivo a 7. Não utilizámos o tempo que nos era permitido, não abordámos os nossos temas de forma convincente e de algum modo até passámos uma imagem de alguma arrogância e precipitação. Pensamos que os eleitores esperavam muito mais da nossa prestação.

Tendo em conta a qualidade das intervenções anteriores (primeira entrevista na RTP e entrevista na RDP), que claramente se destacaram entre todos, a explicação que vemos para essa quebra teve a ver com a organização e estrutura do MPT – ou melhor, com as falhas existentes a esse nível. Resumindo: não descansei nem me concentrei para o debate, como costumo fazer sempre que tenho de responder a desafios deste nível. E o cansaço nestas coisas pode ser fatídico. Que fique a lição.

A chamada “viragem à direita” também acabou por não ter o efeito desejado, porque o eleitorado “de esquerda” que críamos consolidado, na realidade não estava. A saída da sondagem no dia seguinte, ajudada pela falta de brilho do debate do dia anterior, tornou o BE como o “voto útil” desses eleitores, não sendo suficiente para galvanizar os de direita a votarem no MPT.

A esse efeito, não será alheia a montagem que foi realizada pela RTP do debate, que acabou por não reflectir o que se passou no local (Aula Magna da UA, da parte da tarde, pois o debate foi transmitido em diferido). O normal seria que depois da frase do líder do PP, seria filmada a reacção do líder do MPT. Inconcebivelmente, isso não aconteceu, transmitindo-se a imagem de uma certa vitória do infractor – quando no interior da sala a sensação que ficou foi exactamente a oposta. Não sabemos se podemos falar em manipulação, mas o facto é que, no mínimo, esse episódio não reflectiu o que realmente aconteceu no debate.

Essa dúvida aumenta quando se constata o tipo de grandes planos que foram muitas vezes utilizados pelo realizador sempre que se filmava o líder do MPT, retirando-lhe assim alguma exposição. Como também não se compreende que se tenha tentado claramente “esconder” a água da Lagoa das Furnas que o candidato trouxera, tendo o realizador mesmo optado por encurtar os planos da última pergunta, focando exclusivamente a cara dos candidatos, o que retirou algum do dramatismo a que tinhamos legitimamente direito.

Estaremos a dar demasiada importância a esse debate? Nunca o saberemos, é certo, mas ficam-nos algumas lições importantes – quer da nossa actuação, quer sobre a forma como ele acabou por ser transmitido. É igualmente questionável até que ponto o modelo de debate televisivo não deveria ser alterado, em pelo menos dois sentidos: mais perguntas de resposta mais curta, em vez do “tempo de antena” de 3 minutos que era dado a cada concorrente; e em vez de apenas um, haver dois debates, permitindo assim uma melhor avaliação dos concorrentes por parte do público.

A todos os que, apesar de tudo, nos deram o seu voto, estamos bastante gratos e consideramos que é um importante acto de confiança para o futuro. Continuamos a pensar que a nossa seria uma voz importante no parlamento açoriano e que as nossas propostas e postura eram claramente as melhores.

Falhámos mas não morremos!

Manuel Moniz

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