quinta-feira, 4 de junho de 2009

Água: o maior problema que os Açores enfrentam!



Como era previsível, os restantes partidos já se apoderaram dos temas ambientais. Mas como na sua maior parte não têm a Ecologia como um desígnio político e moral, caíram num erro básico nesta campanha eleitoral: o principal desafio que se coloca de imediato aos açorianos não é o da produção de energia eléctrica – apesar dos enormes atrasos que urgem resolver a esse nível: o grande problema neste momento que os açorianos enfrentam é o da Água. E é sobre ela que nos devemos debruçar de imediato, apresentando soluções concretas e investimentos com efeitos positivos na sociedade e na economia dos cidadãos.

Apesar dos dados estatísticos serem muito díspares entre si, o consumo de água por parte dos açorianos tem aumentado de forma drástica nos últimos anos, ultrapassando largamente todas as estimativas feitas antes do ano 2000. O que está a causar rupturas perigosas em várias ilhas, sendo neste momento já uma poderosa ameaça à nossa tradicional qualidade de vida.
Os dados mais favoráveis referem um consumo de água nos Açores acima do dobro do que acontece no resto do país (ou o triplo, segundo os últimos dados do Instituto da Água, referentes a 2006). Em média, cada açoriano consome por ano entre 114 e 150 mil litros de água (quando esse valor a nível nacional não chega aos 50 mil)!
O alargamento da rede de distribuição de água para as zonas de pastagem, assim como o aumento do consumo por via de novos hábitos sociais (as piscinas, as frequentes lavagens de carro e os jardins, por exemplo), deverão explicar boa parte desse consumo.
No entanto, temos bastante água, somos mesmo uma terra de água abundante.
Estima-se que os Açores tenham uma superfície de 9,5 km2 de lagoas, que armazenam um total de 90 milhões de metros cúbicos de água; e que existam 950 nascentes, que por ano jorram 15 mil milhões de metros cúbicos de água – se toda essa água fosse captada num ano, encheria 16 vezes a quantidade que as lagoas neste momento encerram. No entanto, a maior parte dessa água não tem qualidade para ser consumida.
A média de chuvas nos Açores é também bastante elevada, aproximando-se dos 2 mil litros por metro quadrados por ano. Mas este potencial endógeno que temos é na sua maior parte completamente desaproveitado pelos cidadãos e empresários agrícolas.
E antes que aconteça alguma desgraça, é importante inverter essa situação e implementar nas ilhas um modelo de gestão da água ao nível da população, que nos consciencialize para a importância da sua utilização e nos garanta mais algumas defesas em caso de catástrofe mundial.
Assim: Propomos que seja criada uma linha de apoio aos cidadãos que tenha por objectivo a redução, no prazo de 4 anos, de 25% dos consumos de água da rede pública, através da instalação de sistemas de captação de águas das chuvas e de reaproveitamento das águas limpas usadas no uso doméstico, sobretudo nas casas particulares e nas explorações agrícolas.
Para o conseguir, deverão ser instaladas 40 mil cisternas nas casas urbanas que possam receber essas estruturas, e na totalidade das explorações agrícolas registadas. O custo estimado de cada unidade básica fica em cerca de 1000 euros, devendo ser comparticipada a 80% por fundos europeus, com os restantes 20% a serem alvo de uma linha de crédito sem juros, suportados pela Região – ou seja, em média cada instalação custaria aos contribuintes cerca de 200 euros, a pagar de forma muito suave.
O custo desde projecto, que deverá ser incluído nos Planos de Investimentos anual e de Médio Prazo, será de 40 milhões de euros. A maior parte dos materiais a utilizar serão açorianos, e como a instalação destes sistemas dependerá bastante de mão-de-obra, estima-se que seja um importante investimento directo e imediato na economia regional. Ao mesmo tempo, este investimento, quando estiver a funcionar, promoverá poupanças para as famílias e explorações agrícolas que ascenderão aos 12 milhões de euros por ano, promovendo em simultâneo uma maior consciência ambiental e autonomia económica das famílias.
É assim que se faz a Europa nos Açores. Não te abstenhas!

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